terça-feira, abril 7

Do's and Dont's

Sempre tive e acho que ainda tenho uma certa capacidade de desfasamento entre aquilo que era o entendimento comum um relação a um determinado tema e aquilo que era o meu próprio entendimento. Não se trata de fazer um pé de guerra nem de hastear uma bandeira, trata-se apenas de tentar perceber mais a fundo os temas para depois ter uma opinião mais sustentada. Um exemplo disso é a escolha das árvores de Natal naturais versus em plástico. Sou a favor das árvores de Natal naturais. Por várias razões. A primeira tem a ver com o facto de para as termos por altura do Natal ter de existir espaços de cultivo de pinheiros. Parece-me interessante ter terrenos ocupados por espaços verdes onde os pinheiros processam o dióxido de carbono gasto, por exemplo, a produzir árvores de Natal em plástico. Por outro lado, está provado que uma árvore jovem tem uma capacidade de absorção de dióxido de carbono superior aos seus exemplares em adultos. Donde, não me choca nada a questão do seu desbaste em idade infantil. Faço obviamente um parêntesis para a situação de abate selvagem de pinheiros em zonas protegidas, mas aí o que existe é falta de fiscalização. Escrevo isto apenas para exemplificar as frases do início.
Voltando ao tema inicial, para além de tentar ter uma ideia própria sobre os diversos temas, muitas vezes tenho também a capacidade de assobiar para o lado quando determinadas evidências não me são interessantes. Quero com isto dizer que sabendo que deveria fazer determinadas coisas, ou pelo inverso, que não deveria fazer determinadas coisas, faço-as ou não as faço, respectivamente, conseguindo não me penalizar ou ter problemas de consciência sobre essas minhas atitudes menos correctas.
Por exemplo, andar na faixa do BUS é evidentemente errado, mas eu de vez em quando estou lá batido e acarreto todas as responsabilidades que possam daí advir.
E aqui chego onde queria chegar. Tenho conseguido criar uma certa barreira aos lugares comuns que um ser que vive em sociedade é constantemente levado a seguir. Mas é cada vez mais difícil. E é cada vez mais difícil pôr de lado os problemas de consciência com que eu fico por não as acatar. E o culpado é a publicidade. E também o meu cansaço. Então não é que agora dou por mim a olhar para os reclames e a pensar que devia estar a aplicar o produto para o retardamento da calvície, o líquido para as gengivas, o iogurte que regula o trânsito intestinal, os métodos de Pilates para pôr a minha postura corporal em condições, as refeições light sensaboronas, o adoçante no café, o leite com ómega3, a manteiga baixa em colesterol, etc, etc.
Dou por mim a pensar que devo ser um ser mesmo muito pouco exigente consigo mesmo por não ser capaz de levar uma vida mais saudável, mais responsável.
E o problema está na publicidade. Com as frases como seja responsável, beba com moderação, como é que eu a seguir a beber uns copos a mais posso ficar bem disposto com o resultado? Ou então as Formas Luso, que dizem para começarmos o ano naturalmente em forma. Ou a manteiga Becel, que nos pede para amarmos o nosso coração. Ou então a Actimel, que me ajuda a reforçar as defesas naturais. Ou os colchões Colunex, os únicos que me podem dar uma boa noite de sono…
Eu sempre consegui manter a cabeça fresca e arejada e dar o devido valor ao que se ouve à nossa volta mas às vezes é difícil fazer esse exercício. O Mundo não seria melhor se obrigassem a uma revisão dos conteúdos da publicidade? Mas quem são eles para falar de responsabilidade? Quem são eles para me dizerem que eu não tenho comportamentos saudáveis? Pedi-lhes alguma opinião? Bom, era só um desabafo!

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