quarta-feira, abril 22

Mulheres, relaxem!

No meu percurso diário para o trabalho, costumo passar pela Basílica da Estrela, contorno o Jardim da Estrela e chego à rotunda ao pé de uns infantários que depois dá acesso ao Rato. Como de manhã às horas que passo há sempre pais a deixar os seus filhos nas escolas, acontece sempre uma das faixas de rodagem estar ocupada por carros parados. E naturalmente, existe uma espécie de acordo tácito de que nessa altura, acaba por se deixar passar um carro de cada vez, de forma a que o trânsito continue a fluir normalmente. Toda a gente sabe que um dos principais problemas dos engarrafamentos é aquele jogo do “ver quem é que consegue lixar o outro” e passar antes, criando uma certa imprevisibilidade quanto à certeza de passar e levando a uma redução da velocidade. E das poucas vezes em que me “tramaram”, [quando tentei virar para a esquerda porque tinha um carro parado à minha frente], quem estava ao volante era uma mulher. Estou eu muito bem a assumir aquilo que se passa à nossa frente, em que passa um de cada vez e vejo um carro [com uma mulher ao volante], a acelerar e a encostar-se ao carro da frente para não me deixar passar. Claro que eu fico com o meu sistema nervoso em alta rotação e só me apetece adormecer a cabeça em cima da buzina por uns segundos, para a senhora perceber que é uma besta. E isto leva-me a pensar noutras situações em que as senhoras estão ao volante. É engraçado que não me lembro de uma única vez ver uma senhora bem disposta, quase com aquele ar infantil que os homens fazem, a fazer um sinal para o outro carro passar só porque está bem disposta com a vida. É algo muito habitual nos homens. Quer sejam homens para outros homens, como quem diz, passa meu amigo, és um gajo porreiro, quer seja homens com mulheres, do género, sou um cavalheiro e podes passar, minha querida.
Quando quem está ao volante são mulheres, só as apanho sisudas, mal dispostas, quase vingativas, e têm essa atitude tanto para com homens como para com mulheres. Passadeiras, também são algo que está lá para colorir o chão da estrada, porque de cada vez que estou à beira de ser atropelado lá vem o rosto sisudo de uma mulher. Sei que estou a generalizar, mas é de facto esta a minha experiência pessoal. Mas agora o que me intriga é a razão disto acontecer. Será uma questão antropológica, em que as mulheres depois de terem cedido durante tanto tempo aos homens sentem agora a necessidade de ter uma reacção exactamente inversa? Mas aí, porque seriam assim também para os seus pares mulheres? Será porque também aí sentem necessidade de saírem airosamente vitoriosas para chamar a atenção dos machos? E se assim for, onde é que eu meto as lésbicas no meio disto tudo? Ou será que elas conduzem de forma diferente? Tenho que averiguar esta situação com mais atenção. Entretanto, vou gerindo como posso esta situação de partilhar a estrada com estes seres estranhos…

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