quarta-feira, novembro 25

Terminal de contentores de Alcântara

Parece que se chegou a uma solução intermédia quanto ao terminal de contentores de Alcântara – limita-se a altura a um máximo de 5 contentores empilhados. Retirando da discussão a validade do acordo com a Mota Engil para a exploração para os próximos anos do porto de Lisboa, quanto à questão do impacto visual dos contentores parece que chegámos a uma boa solução. Uma solução que tenta abarcar interesses económicos com os interesses urbanísticos e de impacto visual.

Acho que a sociedade por vezes se esquece de que a indústria é parte fundamental do desenvolvimento de um país. Cria empregos, cria riqueza, cria desenvolvimento. E obviamente produz impactos. E alguns impactos menos bons. E temos de viver com eles.

Se olharmos para o caso da cimenteira da Secil na Serra da Arrábida, junto às praias, conseguimos lembrar-nos de alguns quantos fundamentalistas que acham que aquilo é um atentado ambientalista grave, que cria crateras profundas na serra, que provoca um grande impacto visual e que até é terceiro mundista.

Mas essas mesmas pessoas de olharem para o outro lado da foz do Sado e virem a península de Tróia, terão de se lembrar que os edifícios não são propriamente feitos de ar… que é necessário cimento para os pôr em pé. E portanto, cimento é necessário. Pode-se importá-lo, mas não sei se sairá mais barato aos cofres do Estado, até porque o cimento é daqueles produtos de difícil exportação.

Da mesma forma, os contentores em Alcântara são um “mal” necessário. Claro que era lindo olhar para o rio Tejo e apenas ver cegonhas e espaços verdes. Nenhuma estrada, nenhum carril, nenhum carro, nenhum comboio, nada. Nada que pudesse perturbar a tranquilidade da vista sobre o rio. Mas ninguém se pode esquecer que o rio atravessa uma cidade – a cidade de Lisboa. E que esta, como outras, precisa de se abastecer de uma série de produtos que vêm de barco em contentores. Poder-se-ia criar um espaço para receber contentores fora da cidade mas os custos seriam grandes e a competitividade do porto seria duvidosa. E há cidades lindas, como Hamburgo, que convivem tranquilamente com o seu porto gigante. É, aliás, um ponto turístico de interesse da cidade.

E desta forma, o que eu queria mesmo dizer é que as pessoas têm de se habituar a fazer compromissos. As soluções mais engraçadas podem não ser as mais viáveis. Principalmente do ponto de vista económico.

E para aqueles que adoram frases sensacionalistas como “devolvam o rio à cidade”, advogando que o porto deveria sair de Lisboa, apenas gostava de lhes dizer que isso poderia ter um impacto financeiro grande nas contas da autarquia lisboeta.

E por isso, caso a câmara deixasse de ter meios para gerir em condições a cidade, não se admirem de sem porto começarem a pedir não o rio mas antes a limpeza das ruas, a iluminação pública, a rega dos jardins municipais e tantas outras coisas que poderiam ser postas em causa por medidas insensatas como algumas associações insensatas querem impor.

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