terça-feira, novembro 3

Por fim a tranquilidade

Hoje dei por mim a fazer uma tarefa no trabalho com uma sensação de tranquilidade que já há muito não sentia. Parece que ao fim de 2 anos de trabalho numa nova empresa, começo a curar-me do stress que a Deloitte me causou. No mundo Deloitte, que deve ser generalizado a todas as consultoras, todo o trabalho é sempre para ontem. Tudo é avaliado como lento e mal feito. Tudo é feito à pressa. E uma pessoa acabada de sair da faculdade como eu – na altura – fiquei convencido da inutilidade das minhas produções laborais. E portanto, importava ser mais rápido e ainda mais perfeito. Até ao limite. E sempre sem atingir a perfeição. Mesmo que ela tivesse sido largamente atingida. Porque no mundo das consultoras, o objectivo é transformar seres normais em seres imperfeitos, que buscam incessantemente a sua perfeição. Neste estado de insegurança, consegue-se acelerar todos os objectivos que uma chefia nos proponha atingir. E assim, andei 3 anos insatisfeito com a minha performance, mesmo que nessa mesma altura fosse passar a sénior consultant. O que para o tempo passado efectivamente reconhecia as minhas qualidades laborais. Saí desse mundo cão. Fui trabalhar para a Banca. Acho que tenho, neste momento, um trabalho absolutamente normal. Mas em termos de método de trabalho, carreguei bastante o estado de espírito Deloitte. Continuei a ficar atormentado sempre que me davam trabalho. Pelo medo de falhar. Pelo medo de ser lento. Pelo medo de não ser perfeito. Mesmo que o fosse. E agora, depois de largos 24 meses, começo a sentir novamente prazer em produzir coisas. Em valorizá-las. Em sentir orgulho nas minhas produções.
Demorei, mas parece que tudo volta novamente a sorrir-me.

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