quinta-feira, maio 10

O drama das pombas!

Durante a minha estadia num cliente onde estou a trabalhar, tenho observado atentamente uns bichos a que nunca prestei muita atenção, e que despertam quer ódio quer paixão por parte da população portuguesa. Estou a falar das pombas, que abundam na Baixa Lisboeta e na Av. da Liberdade.
Durante as minhas paragens para um ou outro cigarro, costumo ir para umas escadas exteriores onde se desenrolam as mais variadas histórias entre esta população avícola, designadamente as relacionadas com o seu ciclo de reprodução.
Acompanhei durante algumas semanas o desenvolvimento de uma cria até ao seu estado adulto, suportado por dois pais extremosos que aturavam todas as birras inimagináveis do adolescente.
Nesta fase, à falta de melhor, tenho observado as relações amorosas que se estabelecem no pátio, onde o macho se avoluma em relação à fêmea, eriçando as suas penas, acompanhando com uns passos de dança muito engraçados, a fazer lembrar uma valsa de Viena.
Por vezes tem sorte, mas na maioria das vezes elas continuam a fazer o seu percurso fingindo ignorá-los.
Já percebi que se estiverem interessadas, a certa altura em vez de ser o macho a ter o ónus de perseguir a fêmea para todo o lado, começa ela a ter a iniciativa de o acompanhar nas suas deslocações.
E claro, a certa altura, já tenho visto sessões de sexo desenfreadas, com muitos beijinhos à mistura, coisa que só tinha visto antes com os meus periquitos.
Mas este carinho todo entre os casais levou-me a pensar no terrível que seria de um par se perdesse do seu companheiro.
E claro que como a mentalidade humana só consegue imaginar o que está à sua volta através da observação de si mesmo, comecei a pensar se seria possível isto acontecer com a espécie humana.
Nos dias de hoje, com o advento do telemóvel, a possibilidade de alguém perder o contacto com a pessoa amada são muito remotas, e só possíveis se esse for o seu desejo.
Mas se pensarmos na geração dos nossos pais e avós, que não tinham telemóveis, e-mails e muitas vezes telefone, embora a hipótese de não voltarmos a ver a pessoa amada aumentasse substancialmente, continuava a ser remota, porque as pessoas vivem em casa, trabalham num determinado emprego, dão-se com determinados amigos e pertencem a uma família, pelo que existem imensos fios de novelo por onde puxar até voltar para ao pé da pessoa desejada.
E aqui se levantou a minha questão. E as pombas? Como é que elas fazem? Será que basta uma delas estar com sede e fugir para uma fonte próxima para eventualmente nunca voltarem a ver o seu companheiro?
Há que ter um enorme respeito pelas pombas e por todos os seres que vivem neste mundo que com uma grande dose de probabilidade vão perder os seus companheiros ao longo da sua vida, nunca mais os podendo voltar a encontrar…

1 comentário:

Fi disse...

As pombas por cá também andam loucas! Arrastam a cauda no chão enquanto se atiram umas para cima das outras! E as joaninhas então nem se fala, fui ao Bois de Vincennes e era vê-las aos pares, no meio da estrada, não se largam!! Espectáculo digno de se ver ao vivo! - Para quando a tua visita, fds de 1 de Junho? Bjs