sexta-feira, fevereiro 5

Beijos de Mãe



Há uns dias estive a ver o Big Fish. É um filme do Tim Burton que retrata a história de um pai que conta a sua história de vida a um filho. E nessas histórias há muitas coisas fantásticas que o filho começa a pôr em causa com o avançar da idade. Em determinada altura, quando o pai adoece subitamente, tenta a todo o custo separar o trigo do joio, e saber exactamente aquilo que era verdade ou mentira naquilo que o pai lhe contara. E nesse filme, e segundo aquilo que eu interpretei, pouco importa o que é verdade ou mentira, porque aquilo que eram as mentiras não tinham outro objectivo que não tornar a história mais interessante. E isto vem a propósito de acontecimentos recentes que me têm vindo a fazer aperceber-me que estou a perder alguma do lado fantástico que sempre tive e fazia questão em manter. Senão vejamos… A minha avó morreu há aproximadamente 1 ano e 1 mês. Na data que marcava 1 ano após a sua morte, surgiu uma flor de mãe – que era a flor que ela mais gostava – numa floreira que ela tinha na sua casa. Essas flores só começam a aparecer na Primavera, com temperaturas amenas e com muito sol. Há cerca de 1 semana e meia, nasceram 2 novas flores na altura da comemoração do seu aniversário, que coincide com o aniversário do meu primo Miguel. Toda a minha família lamechas acha que só pode ter sido obra dela, estas manifestações florais que têm acontecido. Estas manifestações dão uma alegria enorme a todos os elementos da minha família e têm surgido até algumas moradoras de um bairro próximo (que conheciam a minha avó) só para ver o “milagre” que tinha acontecido. E eu, com a minha mente já “velhota”, começo logo a contestar toda aquela “insanidade” mental. E agora pergunto-me? Quem sou eu? Com que propósito? E com que interesse? Qual é o objectivo prático de tentar baixar à realidade os pensamentos de familiares meus que se confortam tanto com estas manifestações profanas de algo superior. De algo tão fantástico? E porque razão é que não entro na mesma onda e até aproveito um pouco aquela alegria que é ver aquelas 3 flores que “são” um presente que a minha avó nos resolveu dar? Tenho que me deixar rapidamente desta minha nova onda científica e voltar a aceitar em mim todo este lado do imaginário que também conforta e aquece. Mesmo que não seja verdade.

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