sexta-feira, novembro 10

Saudades dos tempos em que tinha tempo

Ontem aproveitei o facto de estar pelo escritório com pouco trabalho (pelo facto de não estar de momento envolvido em nenhum projecto) para sair um pouco mais cedo.
Estava a pensar ir para casa mas resolvi sentar-me numa esplanada em pleno centro de Lisboa a beber uma imperial.
Desci a Casal Ribeiro até ao Largo da Estefânia, e virei à esquerda para a Rua de Dona Estefânia.
Parei numa tasca tipicamente portuguesa, que tinha umas mesas verdes metálicas cá fora, numa rua de árvores grandes e frondosas, com imensa gente a subir e a descer.
Passaram velhotes, passaram casais jovens, passaram grupos de amigos, saíram pessoas de carros que lhes tinham dado boleia, passou um casal muçulmano de certeza recém aterrado em Lisboa, passaram para cima e para baixo dois jovens a acartar pufs e cadeiras em aparente mudança de casa. Enfim, uma montra de histórias ali a desenrolar-se à minha frente.
Já a meio da minha segunda imperial, juntou-se à mesa do lado um grupo de 4 amigos, 3 rapazes e uma rapariga, que estavam sempre na conversa. A partir daí, fiquei deliciado a ouvir a conversa deles.
Aquelas conversas despretensiosas de quem não tem muitas preocupações e está a rir de 10 em 10 minutos…
Apenas um deles era de Lisboa, ao que percebi, e os outros tinham vindo todos fazer a faculdade cá.
Tinham todos algum sotaque e a certa altura começaram a falar de que existia a ideia generalizada de que o sotaque em Lisboa era o sotaque padrão e que os lisboetas achavam que não tinha sotaque. Mas tinham!!! Andavam lá num bate boca e vinha a gargalhada generalizada 5 minutos depois.
Estava mesmo ao pé deles, mas devia parecer a 2 mundos de distância porque olhavam para mim com alguma reverência pelo facto de estar engravatado.
Mal sabiam eles que me estavam a servir a refeição perfeita para acompanhar aquelas imperiais. Uma refeição de boa disposição e juventude, cabeça limpa e desanuviada, a sensação de despreocupação.

1 comentário:

MKB disse...

Com essas coordenadas, devo ter passado por ti. À falta de tempo, eu "cusco" a malta do metro, o que dá pano para mangas...

Rita